SEU LIVRO DE VIDA
Quase tudo o que você quer saber
sobre Astrologia da Alma e do Auto-Conhecimento
Em 22 Capítulos/Volumes
© 2008 Janine Milward
Capítulo 1
O Risco do Bordado
Os Planetas Pessoais -
Vulcano, Mercúrio, Vênus e Marte
Janine Milward
As energias intensamente pessoais, pertencentes ao nosso Eu Sou, ao nosso Eu Tenho, ao nosso Eu Penso são atuadas, vivenciadas, pelos arquétipos intensamente pessoais em termos de Planetas: Marte, a ação direta e incisiva; Vênus, a bela do desejo; e Mercúrio, o mensageiro dos deuses, o desenvolvimento de nossa mente e de nossa movimentação e troca dentro da vida.
Esses são, portanto, considerados os Planetas Pessoais, tradicionalmente. A eles, também poderemos incluir Vulcano, aquele que realiza com suas mãos tudo aquilo que a mente mercuriana produz e necessita para sua vida no Planeta Terra.... e certamente, o Planeta Terra, nosso lugar natal de moradia e de enraizamento, nossa Mãe-Gaia.
O Planeta Pessoal mais identificado com o impulso primeiro de vida é Marte, a ação direta e incisiva, aquele que sempre está realizando seus novos começos, o capitaneador, a liderança, a impulsividade da realização da vida, ainda ausente de outras questões, apenas trazendo consigo a semente contenedora da nova existência.
O Planeta Pessoal mais identificado com a fixação no Planeta Terra de tudo aquilo que significou o impulso primeiro de vida agilizado Marte, é, tradicionalmente, Vênus, a bela do desejo.
Que desejo é esse? É o desejo de plenitude da materialização: todas a sementes precisam ser bem plantadas e enraizadas e crescidas e amadurecidas de forma que todos os requisitos de vida dentro do Planeta Terra possam vir a ser bem atendidos! Sabemos que tudo em nossa vida advém da natureza como um todo. Pois bem, tudo isso acontece a partir do desejo de plenitude de materialização manifestado por Vênus.
Também esse desejo venusiano vai nos falar sobre o desejo do Eu Sou se encontrar com seu Outro e tornarem-se Nós Somos. Portanto, dentro do arquétipo venusiano podemos vê-la atuando seu Encontro com seu Outro - com Marte: é a bela do desejo do seu Outro. E podemos vê-la atuando sua plenitude de materialização através da manifestação do seu desejo - novamente se dirigindo para seu Marte, sim, porém agora de maneira diversa: aqui, Vênus, a bela do desejo, manifesta seu desejo para que este seja atuado, realizado, pela ação direta e incisiva e impulsiva de Marte!
O Planeta Pessoal mais identificado com o desenvolvimento da mente e suas conseqüentes ações e movimentações depois que a vida foi lançada em suas sementes e plenamente enraizadas em sua natureza.... é Mercúrio, o mensageiro dos deuses, o desenvolvimento de nossa mente, nossa movimentação e nossas trocas com o mundo. É certo que também aqui encontraremos uma co-regência sendo doada a Vulcano, o artesão dos deuses e dos homens.
Aquilo que mais identifica o homem e o diferencia dos animais e do restante da natureza, e que o homem usa sua mente não somente para realizar artesanalmente aquilo que precisa para sua vida poder acontecer dentro do Planeta Terra.... - porque muitos dos animais também assim fazem -, mas o homem usa sua mente para transformar, literalmente, toda a natureza, como um todo, tornando-se, dessa maneira, um co-regente da Criação sob o Tao.
Essa transformação da natureza do Eu Sou e do Eu Tenho através do Eu Penso, traz a realização maior de Mercúrio aliado a Vulcano.
E é certo que também Mercúrio e Vulcano funcionam em boa dupla de ação, em bom conjunto arquetípico, quando se tratam das comunicações como um todo, do comércio, das trocas, da vida vicinal e dentro do feudo e dentro da família que se reúne dentro dessa vicinitude e dentro desse mesmo feudo.
No entanto, quando se trata do uso da mente - do Eu Penso - no sentido da interiorização e da expansão dessa mente através do pensamento e dos conhecimentos que vão sempre sendo ampliados, incessantemente e em progressão geométrica ilimitada e eterna... aí então temos a ação de Mercúrio atuando como o verdadeiro mensageiro dos deuses e dos homens, realizando a fusão do homem entre o céu e a terra.
Os Planetas Pessoais e seus Signos Regentes
Janine Milward
Tradicionalmente, Mercúrio rege Gêmeos e também o signo de Virgem. Em Gêmeos, Mercúrio fica bem mais à vontade, sempre pluralizado e voltado para amealhar mais e mais conhecimentos a partir de sua imensa curiosidade de usar sua mente a respeito de tudo aquilo que faz parte do mundo que rodeia mais proximamente - ou mesmo mais longinquamente - o Caminhante. Em Virgem, Mercúrio funciona de maneira mais prática dentro da racionalidade e trazendo uma triagem maior à sua pluralidade imensa acionada no signo que lhe é mais natural e correlato, Gêmeos. A triagem virginiana acaba trazendo uma maior disciplina, digamos assim, ao Mercúrio tão pluralizado e espraiado - e essa disciplina também acarreta um maior cuidado com o acabamento das situações todas dadas, a triagem, através o detalhismo e a minuciosidade, a ordem e o progresso. Em Gêmeos, existem todas as palavras para a possibilidade de a comunicação verbal poder acontecer. Em Virgem, todas essas palavras são colocadas ordenadamente em um dicionário de a a z! Em Gêmeos, todas as possibilidades de expressão de comunicação são válidas. Em Virgem, tudo isso acaba fazendo parte do trabalho de cada um de nós.
Eu venho lendo e ouvindo vários consultores e teóricos em Astrologia querendo destronar Mercúrio de sua regência à Virgem. No entanto, vejo e leio e ouço essas pessoas buscando essa substituição através alguns dos Asteróides mais conhecidos - como Juno, Vesta, Pallas e Ceres. E também pretendem trazer Sedna e mais um outro planetóide recentemente descoberto para essa regência.
Eu, pessoalmente, penso que Quíron bem se encaixa para a regência de Virgem, na medida que é um arquétipo que faz Ponte entre o Caminhante Pessoal e em sua Identidade Pessoal com o resto do mundo Social e Planetário. Virgem e Casa Seis são arquétipos de Trabalho e a Terra é uma Estação de Trabalho, enquanto Peixes e Casa Doze são arquétipos de Iluminação e a Terra é uma Estação de Iluminação. Portanto, eu diria que Quíron bem se encaixa nesse Eixo Virgem/Peixes, Casa Seis/Casa Doze, no sentido que traz em si mesmo a humanidade e a divindade, o Trabalho e a Iluminação.
No entanto, eu também penso que tudo depende da ampliação de mente de cada um de nós, Caminhantes, no sentido de acionarmos a regência de Mercúrio para nosso signo de Virgem instaurado em nosso Risco do Bordado ou de acionarmos a regência de Quíron, para tanto! Existem motivações tantas que os voltam para Mercúrio e outras tantas que nos voltam para Quíron.
Eu diria que Mercúrio, enquanto regente de Virgem, possui uma maior profundidade, digamos assim, uma maior responsabilidade... do que em sua regência tão pluralizada e geometricamente progressiva, para Gêmeos. Quando o Caminhante consegue reunir ambas as situações em bom nível de atuação de uso de sua mente... então, tudo está certo, com Mercúrio enquanto regente de Gêmeos e de Virgem. Um exemplo é o maior poeta da língua portuguesa, Fernando Pessoa.
Dentro da inter-relação intensa entre Mercúrio e Vulcano, veremos que esse último também pode ser considerado bom regente de Gêmeos e de Virgem - apenas que sempre comandado em suas ações e reações através o uso da mente mercuriana. Ou seja, é Mercúrio quem me traz à mente os pensamentos que são teclados por Vulcano de forma a aparecerem enquanto palavras que foram frases e parágrafos e textos, na tela do computador (com boa ajuda do Urano para tanto, isso é certo!). A mente mercuriana é agida, digamos assim, por Vulcano. É Mercúrio quem me traz à mente minha ação de pegar agulha e linha e ir tecendo um par de meias de lã para esquentar pés frios dos amigos, no inverno... mas é Vulcano quem me faz tricotar ou crochetear, no ato propriamento dito, no ato em si. E por esta mesma razão, Vulcano, enquanto bom co-regente de Gêmeos, aprende a lidar com todas e quaisquer circunstâncias dentro do mundo imenso das expressões de comunicação e de troca e de movimentação de todos nós! E enquanto bom co-regente de Virgem, aprende a bem manejar todas essas circunstâncias, tornando-as realidades práticas e bem executadas.
E não podemos nos esquecer que também os animais fazem bom uso dessa inter-relação entre Vulcano e Mercúrio - sendo que Vulcano, a meu ver, possui preponderância sobre Mercúrio, no sentido de que a intuição marciana para poder cumprir com o intuitivo desejo de manifestação de plenitude da vida e de possibilidade de viver a vida, tudo isso age primordialmente sobre Vulcano ainda antes da ação de uso de mente mercuriana. Um bom exemplo disso é a teia da aranha, não é verdade? Eu sempre fico maravilhada com o desenho geometricamente perfeito e bem detalhado e bem executado que vejo nas teias de aranha, aqui o Sítio das Estrelas! É uma real junção entre Gêmeos e Virgem, eu diria, através a execução primorosa da intuição primeva da aranha sendo realizada através seu trabalho primoroso em sua teia! E posso também perceber que a teia serve não somente de ninho acolhedor, a casa da aranha, mas também como dispensa de mosquitinhos vários e até borboletas apreendidas pelo aracnídio, para satisfazer suas necessidades primordiais de alimentação - aliando assim, a ação direta e incisiva marciana e o desejo da necessidade de vida sendo preenchida plenamente, desejo venusiano, e ambas essas ações sendo acionadas de forma inteiramente intuitiva, já usando a mente mercuriana dentro de suas possibilidades mais básicas, naturalmente!
Tradicionalmente, Vênus é regente de Touro, na Primeira Estação da Mandala Astrológica, o lugar Pessoal, e é regente de Libra, na Terceira Estação, o lugar do Encontro com o Outro, o lugar do Social.
Em ambas as situações, Vênus sempre se apresentará como a Bela do Desejo. Em Touro, o desejo é o da satisfação da plenitude da materialização da encarnação e tudo aquilo que é preciso para que essa boa materialização possa ocorrer, ao longo da vida, de forma a bem poder desempenhar a própria vida! Em Libra, o desejo é o de estar sempre buscando o Outro, receptivamente aguardando o Outro, harmoniosamente querendo realizar o encontro com o Outro.
O que é sempre importante de se observar, é que em Vênus existe a receptividade constante da atuação de seu Desejo: em Touro, a receptividade de tudo aquilo que materialmente é fundamental para bem desempenhar a vida, como um todo; em Libra, a receptividade de alquimizar seu Outro, para o bom enlace e para todas as circunstâncias da vida, como um todo.
No entanto, essa receptividade, esse desejo, precisa ser realizado através uma energia oposta e complementar, uma energia de ação direta e incisiva, de atividade, de ação no sentido de bem poder realizar o desejo que a receptividade coloca tão claramente: Marteentra em cena, é claro!
Em Touro, Vênus anuncia seu desejo de materialização plena de sua vida e, em sua receptividade, aguarda a ação direta e incisiva de Marte para a boa realização dessas circunstâncias. Em Libra, Vênus anuncia seu desejo de enlace com seu Outro e ninguém melhor do que Marte para satisfazer plenamente esse desejo, aliando receptividade venusiana com a atividade direta e incisiva marciana.
Eu pessoalmente penso que Touro é um signo magnificamente bem regido por Mãe-Gaia, nossa Terra, nosso querido Planeta onde vivemos! É aqui, no Planeta Terra, dentro desse Sistema Solar imenso, que existe vida plenamente materializada. E sabemos que é sempre dentro da matéria que existe a possibilidade de acontecer a iluminação. E por todas essas razões, a Terra é uma Estação de Trabalho e de Iluminação, através sua plenitude de materialização e permissão de condições plenas do desenvolvimento da vida, assim como a conhecemos.
Certamente, se vivêssemos em outro Planeta de nosso Sistema Solar, não teríamos dúvidas em deixar a regência de Touro para a Terra. No entanto, como aqui vivemos, resta-nos atuarmos através o desejo venusiano e a plenitude de materialização terráquea!
E eu pessoalmente penso que Libra é um signo magnificamente bem regido por Vênus, a bela do desejo, sempre alquimizando seu Outro, sempre receptiva ao seu Outro: ninguém é uma ilha e é em Libra e através a regência de Vênus que vivenciamos essa verdade.
No entanto, vários astrólogos consideram o fato de que Vênus é boa regente apenas para o signo de Touro e aguardam ansiosamente por um Planeta ou Planetóide ou Asteróide que bem possa tomar a posição de regência do signo de Libra.
A verdade é que grande parte dos astrólogos consideram o fato de que o Hemisfério Yin, Inferior, da Mandala Astrológica dentro das Estações Pessoal e de Identidade Pessoal, seja inteiramente regido por Planetas Pessoais e bem próximos ao Sol (e à nossa Lua, pertencente à nossa Terra!): para Áries, temos Marte; para Touro, temos Vênus; para Gêmeos, temos Mercúrio; para Câncer, temos a Lua; para Leão, temos o Sol; para Virgem, temos Mercúrio novamente ou outro arquétipo aproximado. E, para o Hemisfério Yang, Superior, a partir do Descendente e da Casa Sete, correndo através a Estação Social e a Estação Planetária, finalizando na Casa Doze, teríamos apenas Planetas Sócias e Transpessoais: para Libra, ainda um arquétipo a ser encontrado para assumir o lugar de Vênus; para Escorpião, temos Plutão; para Sagitário, temos Júpiter; para Capricórnio, temos Saturno; para Aquário, temos Urano; para Peixes, temos Netuno.
Eu, pessoalmente, penso que Marte, como bom regente de Áries, o Começo, funciona esplendidamente através nosso Eu Sou, nossa maneira essencial e natural de ser, nossa ação direta e incisiva em direção ao nosso Outro, em direção à Vênus extremamente receptiva e alquimizadora, em Libra, o lugar do Encontro com nosso Outro, nosso Nós Somos, nosso enlace com nosso Outro, seja de forma pessoal, ou de forma social ou de forma planetária!
Eu penso que todo o tempo vivenciamos nossa vida dentro da concepção do nosso Eu Sou voltado para nosso Nós Somos e para tanto, é sempre preciso que exista uma ação sendo inter-relacionada à reação do nosso Outro; é sempre preciso que exista uma alquimização do nosso Outro para que nossa ação possa acontecer; é sempre preciso que exista uma receptividade de forma que a atividade direta e incisiva ocorra. E por todas essas razões, penso que Vênus em Libra é perfeita, tanto ainda dentro de nossa vida no Planeta Terra quanto para nossa vida, um dia no futuro, já em direção ao encontro dos demais Planetas e seres do universo.
Tradicionalmente, Marte é o bom regente de Áries e de sua correlata e natural Casa Um, dentro da Mandala Astrológica. Áries é sempre o Começo de todos os começos, de todos os ciclos - começo esse que foi gestado ainda em Peixes, em suas conclusões de ciclos, dentro da Casa Doze, e que é manifestado através Áries e o Ascendente, o ponto ao Leste, e a Casa Um, o Eu Sou primordial e essencial da vida, como um todo.
Áries é uma ação direta e incisiva, sim, porém praticamente inteiramente intuitiva, eu diria, é a manifestação primordial da vida em si, como um todo, ainda antes de quaisquer outros elementos ou de outras energias! A vida explode em si mesma... para depois buscar por sua materialização mais adequada e mais plena, para sua realização mais completa - questão que será encontrada através Touro e a Casa Dois e a regência de Vênus, a bela do desejo, e da Terra, nossa Mãe-Gaia.
Antes da descoberta de Plutão, metamorfoseador e regenerador, bom regente de Escorpião e da Casa Oito, era Marte o regente desses arquétipos. Sabemos que a Casa Oito é o lugar do Revirão da Vida, o Oito interior e exterior, o lugar do encontro entre espermatozóide - Marte e Áries - e o óvulo - Vênus e Libra -, de forma que a vida possa vir a acontecer a partir da morte de ambos, esperma e óvulo, no sentido de suas trans-substanciações que os levam a formular uma nova vida, a nascer nove meses após (dentro do tempo de gestação da vida humana). Portanto, a regência de Marte ainda permanece dentro de Escorpião e da Casa Oito, nos trazendo sempre a idéia do novo começo de vida - que será plenamente realizado a partir do Ascendente e da Casa Um e de Áries - a Primavera - e plenamente amadurecido no Verão - em Câncer e em Casa Quatro, o lugar do acolhimento planetário da vida plenamente amadurecida.
Algumas Observações sobre os Planetas Pessoais
Janine Milward
Finalmente, eu gostaria de acrescentar o fato de que Mercúrio é um arquétipo inteiramente pluralizado, sim, porém, por outro lado, inteiramente singularizado - mesmo que faça sua inter-relação bastante estreita com Vulcano, outro arquétipo possuidor dessa dicotomia de pluralidade/singularidade.
A bem da verdade, sabemos que Vulcano realizou seu casamento com Vênus, a bela do desejo, e isso faz sentido dentro do ponto de vista da regência taurina para Vênus - porque a regência libriana para Vênus é bem complementada por Marte e não por Vulcano. Mas a verdade é que sabemos que o desejo de Vênus sempre se voltou para Marte e não para Vulcano, com quem se casou mas não o brindou com filhos. Vulcano teve alguns filhos advindos de suas aventuras amorosas, entre seus infindáveis trabalhos de artesão de tudo aquilo que deveria servir a vida de deuses e de homens.
Mercúrio teve vários filhos - inclusive com Vênus, a bela do desejo, engendrou Hermafrodito, um ser de dupla natureza, homem e mulher, ao mesmo tempo - mas conservou-se sempre um arquétipo mais isento de natureza feminina ou masculina.
Marte e Vênus, entretanto, sempre demonstraram a obviedade de suas naturezas e de suas ações dentro de suas sexualidades: Marte é a masculinidade implícita em cada um de nós e Vênus é a feminilidade implícita em cada um de nós; Marte e a ação direta e incisiva e Vênus é a alquimização do seu Outro para a realização de seus desejos, tanto de necessidades básicas de plenitude de materialização de vida, em Touro, quanto de sua inter-relação junto ao seu Outro, seus enlaces vários, pessoais, sociais e planetários. Marte e Vênus não foram casados porém tiveram filhos.
Mercúrio, Vulcano e Marte são todos filhos de Júpiter, sendo que Mercúrio é filho de uma relação do deus dos deuses com Maia enquanto Vulcano e Marte são frutos do casamento entre Júpiter e Juno. Vênus é filha de Urano, porém não diretamente, e sim nascida de seu sangue jorrado a partir da foice que Saturno implementou ao membro reprodutivo do Céu Estrelado! Esse sangue jorrou para o mar e dali nasceu Vênus, saída da espuma do mar!
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A meu ver, Vênus é o arquétipo pessoal mais bem preparado, eu diria, para realizar sua vida dentro Planeta Terra e dos demais Planetas ainda a serem visitados e vivenciados pelo homem - devido ao fato de ser filha de Urano porém não ter nascido diretamente deste, ou seja, Vênus é um arquétipo por si mesmo inteiramente universalizado/pluriversalizado, não atado a uma árvore genealógica propriamente dita dentro dos arquétipos olímpicos, ao contrário, Vênus é advinda da primordialidade da Criação, de Urano, o Céu Estrelado que tanto emprenhou Gaia, a Mãe-Terra!
Isso nos diz que o desejo é a mola-mestre da Criação, desejo de materialização plena de forma que a vida possa ser acionada através o Trabalho e a Iluminação, questões que somente podem acontecer dentro da matéria plenamente realizada, assim como a conhecemos no Planeta Terra.
Isso também nos diz que o Amor - a profundeza do Ser - é a mola-mestre da Criação, é a energia que faz acontecer o desejo que faz realizar a Criação propriamente dita.
O que for a profundeza do teu SER, assim será teu DESEJO
O que for teu DESEJO, assim será a tua VONTADE
O que for tua VONTADE, assim serão teus ATOS
O que forem teus ATOS, assim será teu DESTINO.
(Upanishad IV,V)
O SER é a Consciência Cósmica, o Tao, Paramapurusa: Eu Sou não-manifestado
O DESEJO é aquele que manifesta o Ser Primordial: Eu Sou manifestado
A VONTADE é aquela que idealiza a realização do movimento da Criação: Eu Farei
Os Atos são aqueles que realizam o movimento da Criação: Eu Faço
O DESTINO é aquele que manifesta o movimento da Criação: Eu Fiz
O Desejo da Criação – como uma projeção do pensamento da Mente Cósmica advinda da Suprema Consciência – é manifestado como uma semente, Biija, através de Prakrti – o Princípio Operativo, a Energia Cósmica formada através do Mundo da Não-Manifestação e objetivada através do Mundo da Manifestação.
Prakrti, a energia cósmica, é concretizada, então, através de uma triangulação de forças – as Gunas – que manifestam o Ciclo de Brahma – Brahmacakra:
Força Sutil – Sattvaguna -: Eu Farei; a realização voltada para o futuro – A VONTADE
Força Mutativa – Rajoguna: força que causa movimento, atividade, agitação – Eu Faço: a realização voltada para o presente – Os ATOS
Força Estática – Tamoguna – Eu Fiz; a realização voltada para o passado – O DESTINO
Ao longo do exercício contínuo e infinito dessa movimentação, a Criação vai sendo formada até que a mente – matéria condensada da primordial Mente Cósmica – realize a vida.
Lao Tse nos diz, em seu Capítulo 40 do Tao Te Ching:
O retorno é o movimento do Caminho
A suavidade é a atuação do Caminho
Os seres sob o céu nascem da existência
E a existência nasce da não-existência
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Todas essas questões não devem ser compreendidas apenas como realizações da Suprema Consciência - como se fosse algo distanciado ou mesmo separado de cada um de nós! Não! Todos nós, pertencentes à pluralidade de manifestação da Criação em si, somos, na realidade, partes constantes e adjuntadas ao Tao da Criação! O Mundo da Manifestação é plural e nos parece ser o único mundo existente, marcando bem distintamente as individualidades pluralizadas! No entanto, o Mundo da Manifestação é apenas uma expressão de Amor que movimenta o Desejo da Criação, tudo isso advindo do Mundo da Não-Manifestação, a partir do Tao da Criação, de Paramapurusa, de Deus, da Suprema Consciência.
É preciso que não nos esqueçamos jamais que a Suprema Consciência possui apenas Interiorização. Tudo cabe dentro de Deus. No entanto, esse tudo, esse todo, esse nada, é considerado o Mundo da Manifestação, que por sua vez, possui Interiorização e Exteriorização - o que nos traz a idéia de pluralidade das individualidades. No entanto, o que sempre permanece, é o desejo de retorno à Unidade Essencial, a Deus, à Suprema Consciência.
As Inter-Relações entre os Planetas Pessoais
Com os Planetas Sociais
E os Planetas Trans-Pessoais
Janine Milward
É também interessante percebermos a inter-relação existente entre os arquétipos dos Planetas Pessoais - Mercúrio, Vênus e Marte - e os Planetas Trans-Pessoais - Urano, Netuno e Plutão!
Dizem os Alfarrábios astrológicos que Urano é a sétima maior de Mercúrio; que Netuno é a sétima maior de Vênus e que Plutão é a sétima maior de Marte.
A meu ver, isso faz sentido: em Mercúrio podemos sempre reconhecer o uso da mente mais personalizada de acordo com o estado/a evolução do ser dentro da natureza; em Vênus podemos sempre reconhecer o desejo manifestado de acordo com o estado/a evolução do ser dentro da natureza; e finalmente, em Marte, podemos sempre reconhecer a ação direta e incisiva de acordo com o estado/a evolução do ser dentro da natureza.
Os Planetas Sociais - Júpiter e Saturno - estarão sendo acionados no sentido de bem realizarem a integração dessas energias com o resto da Sociedade e dos seres da natureza, de acordo com seus estados/ suas evoluções de vida.
Quíron se manifesta enquanto Ponte integradora entre essas questões acima comentadas nesse parágrafo e as questões que serão manifestadas em sentido mais amplo dentro da evolução da mente já mais ampliada, ou seja, através os Planetas Trans-Pessoais, Urano, Netuno e Plutão.
Sendo assim, é certo se poder pensar que Urano é uma extensão social/planetária/cósmica do uso da mente mais personalizada de Mercúrio; é certo se poder pensar que Netuno é uma extensão social/planetária/cósmica do desejo de materialização de vida e seu assentamento e de alquimização da relação com o Outro manifestados por Vênus; é certo se poder pensar que Plutão é uma extensão social/planetária/cósmica da ação direta e incisiva manifestada por Marte.
Apenas que, em se tratando de Planetas chamados Trans-Pessoais, todas essas ações que são encontradas de forma mais personalizadas em Mercúrio, Vênus e Marte, Planetas Pessoais, adquirem uma evolução bem mais ampla da mente, digamos assim, que se torna mais espraiada no sentido de expansão de sua ação social e planetária e cósmica! Portanto, a mente uraniana é voltada para sua ação mais ampla de possibilidade de uso de sua mente pessoal, de forma a servir a vida universal; o desejo netuniano de bom assentamento de vida e de bons enlaces afetivos e associativos é inteiramente ampliado no sentido de servir compassionadamente ao Outro, de forma a bem poder assegurar ao Outro todas essas questões, de forma inteiramente universalizada; a ação direta e incisiva plutoniana é realizada de maneira não tão óbvia quanto aquela que vemos sendo acionada por Marte, bem ao contrário, é realizada de maneira a acionar a metamorfose da vida em morte e sua regeneração em nova vida, sim, porém distante de nossos olhos e bem próxima às profundezas dos grandes mistérios da vida - mistérios esses que poderão ser revelados, a meu ver, através Isis, a guardiã dos segredos do conhecimento, após sua descoberta (e mistérios esses que são conhecidos apenas pelos grandes Iniciados, realmente).
Portanto, poderemos perceber que os Planetas Sociais, Júpiter e Saturno, realizam a integração dos Planetas Pessoais de cada um de nós com nosso Outro, integrando-nos à Grande Sociedade Planetária. Após essa integração, entram em cena os Planetas Trans-Pessoais, que nos apresentam o Caminho da Grande Sociedade Cósmica e Universalizada/Pluriversalizada.
Com um abraço estrelado,
Janine Milward